Moda masculina e o homem negro, no centro do evento de moda mais importante do ano

No último domingo (2 de  março), aconteceu a cerimônia do Oscar, que além das premiações de cinema, tem o red carpet como uma das suas principais atrações. E o próximo red carpet com a mesma magnitude, com certeza é o MET Gala, que todos anos acontece na primeira segunda-feira do mês de maio, onde inclusive há um documentátio com o título The First Monday In May (2016), que mostra como é preparar a festa mais esperada do ano, por fashionisas e celebridades. 

Chadwick Boseman, no MET Gala, em 2018

O MET Gala é um baile realizado anualmente no MET (Metropolitan Museum of Art) em Nova Iorque, que marca a inauguração da exposição anual do Costume Institute, o departamento de moda do museu. E com o objetivo de arrecardar fundos para a instituição. A curadoria e organização do evento é feita por Anna Wintour, editora da Vogue America, chefe criativa do Grupo Condé Nast, que pubica Vogue, e outras revistas importantes do mundo, e chefe do instituto no MET. 

Anna Wintour


O Met Gala era apenas um jantar, que cobrava 50 dóares dos convidados, criado em 1948, por Eleanor Lambert, uma das maiores publicistas de moda na época. Nos anos 70, a lendária editora-chefe da Vogue America, Diana Vreeland, deu um start para que o MET Gala se transformasse em uma grande festa mais glamurosa. Mas foi só a partir dos anos 90, com Anna Wintour, que a festa começou a se transformar no que é hoje. Retrada, incusive, em grandes filmes de sucesso como O Diabo Veste Prada (2006) e Oito Mulheres e um Segredo (2018). 


E esse ano, me sinto muito contente pelo tema estar relacionado com algo que e vivi na pele (literalmente) durante o período em que trabalhei com moda. E que por coincidência, nesse momento, volto ao mercado com um projeto de moda, para celebrar tudo o que aprendi, e como um último ato, de alguém que descobre que ainda pode falar algo, e deixar conhecimentos relevantes para a sociedade. O tema do MET Gala desse ano é Superfine: Tailaring Black Style (Superfino: o estilo negro na alfaiataria), inspirado no livro Slaves to Fashion: Black Dandyism and the Styling of Black Diasparic Identity de Monica L. Miller (2009). 


Desde que me entendo por gente, sempre fui ifluenciado por uma moda mais elegante. Fui criado em uma casa de moda, onde meus familiares, quase todos, trabalhavam na área. E os estilos old money, a alfaiataria, os cortes mais elegantes, a alta costura, sempre estiveram presentes na minha casa, e na minha vida. Eu até não gostava. Quando meus colegas brancos, de uma escola de quase totalidade de pessoas brancas, usavam roupas mais esportes, eu estava lá,  com um short de alfaiataria, cinto trançado, um sapato Oxford, uma camisa social pra dentro, e um cabelo bem penteado, e partido. Desde aquela época, nos anos 90, a minha familia já entendia a importância da moda, como uma ferramenta de afirmação, principalmente para uma criança negra, que precisava de todas as ferramentas possiveis, para se destacar, e não cair na estética que sofria da visão marginaizada e preconceituosa das pessoas. Não via a hora de crescer, e poder escolher as prórpias peças, pois achava tudo aquilo cafona. Hoje, penso em como a relação da moda, com as questões racias, é algo realmente a ser refletido Eu tinha um estilo próprio e refinado para uma criança negra, em uma escola de elite branca, estava no caminho "certo". Mas por todas as questões que principalmente naquela época lidávamos, eu queria usar os cabelos no gel, ou espetado. Roupas esportes, tênis coloridos, porque achava que era cafona, pelo simples fato de não me senir pertecente àquele grupo, por não estar usando as mesmas roupas que as outras crianças. Quando hoje, meu entendimento, e o amadurecimento veio, e eu já trabalho todos os dias quando penso no que vestir, exatamente no caminho contrário.

Rômulo, editor da THE PILL, e autor desse texto

E é essa estética que o tema do MET Gala esse ano está trazendo, que é de suma importância para toda a luta racial do homem negro, e pra qualquer homem, de qualquer etnia ou raça também, que as às vezes se limita ao básico, com receio de ousar, construir uma identidade própria, e ficar mais elegante. 

O código da vestimenta para o baile é Tailoring Black Style (sob medida pra você). O dandismo negro. Muito bem interpretado nos dias atuais, por Dapper Dan, que até colaborou com a Gucci, em uma coleção exclusiva. 

Dapper Dan


O baile tem como coanfitriões: o ator Colman Domingo, o piloto de Formula 1 Lewis Hamilton, o cantor A$ap Rocky, e o produtor e diretor criativo Pharrell Wiliams, com o jogador de basquete LeBron James, como presidente honorário, além de Anna Wintour, claro. Além de um comitê anfitrião repleto de uma grande representatividade negra, como André 3000, Edward Enninful, o próprio Dapper Dan, Spike Lee, Olivier Rousteing, Usher, entre outros. 

Segudo a revista Vogue, em exibição no The Met de 10 de maio a 26 de outubro de 2025, "Superfine: Tailoring Black Style" apresentará 12 seções, cada uma representando características definidoras da estética dândi: Propiedade, Presença, Distinção, Disfarce, Liberdade, Campeão, Respeitabilidade, Jook, Herança, Beleza, Cool e Cosmopolitismo. Enttre os artistas que dão vida a exposição estão Torkwase Dyson, Tanda Francis e Tyler Mitchel, bem como Iké Udé, que atuará como consultor especial. 

Uma excelente oportunidade para a moda masculina voltar a ser vista pelos próprios homens que se limitam hoje a calça de alfaiataria e a camisa branca, com receio de usar, e sem o cohecimento de que tudo hoje que é considerado como estilo feminino, um dia foi utilizado apenas pelos homens. Que com o passar do tempo, na história, por conta de diversas circunstâncias, mulheres começaram a utilizar peças que hoje, infelizmente são associadas apenas a elas, principalmente pela falta de conhecimento, estudo, e preconceit, dos próprio púlbico masculino.

Texto: Rômulo

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