Lucas Brito, referência de moda masculina (refinada) no Brasil

O tema do MET Gala esse ano gira em torno da moda de alfaiataria masculina do homem negro. E esse tema é muito animador pra mim por dois motivos. O primeiro por eu ser um homem afrodescendente, e o segundo, por sempre ter tido esse olhar de que o homem negro também pode ir além do clichê em ser colocado sempre na caixinha do visual com referências da estética africana. Como qualquer pessoa, cada um tem a liberdade e o direito de usar o que quiser. Ainda mais se for uma pessoa preta, mas que não nasceu e cresceu num país com cultura africana. Ou uma mulher com pais japoneses, mas que cresceu em Los Angeles, e quer usar os cabelos loiros. Não podemos combater o racismo, olhando torto para quem não consome uma cultura que esteja associada a sua raça, apenas pelo fato de visualmente ela ter os olhos puxados, ou o cabelo crespo. Onde a sua formação  cultural, e indentidade no seu ciclo familiar e social, foi desenvolvida em uma região diferente de onde origina o seu DNA. 

Se ao combatermos o racismo, uma das nossas primeiras falas é de que pessoas pretas podem alcançar qualquer posição social, profissional, e status estético e econômico, por que se surpreender quando elas surgem em um evento vestindo uma alfaitaria impecável? É esse o posicionamento do tema do baile esse ano, que quer celebrar esse movimento. E é esse o meu olhar, como alguém que trabalhou durante uma década com moda, mas a absorveu desde criança, sendo criado em uma casa onde a familia trabalhava com alta costura. 

Hoje, volto ao cenário para um último projeto na área, e com uma série de conteúdos não só relacionados ao tema, mas principalmente focado em moda masculina, e uma moda masculina que eu faço uso. E como homem afrodescendente, me sinto muito confortável com uma identidade visual já construída, não só com a estética de alfaiataria, mas vários outros estilos misturados, onde infelizmente, pouco se vê pessoas pretas, ainda. Mas nesse grupo não há apenas eu. Ainda mais que hoje como escritor e diretor de cinema, vivo fora dos palcos da moda. Há referências muito mais initeressantes na Europa, na América do Norte, e no Brasil. E quando penso em homens pretos que não só imprimem a alfaiatria em seu estilo, mas também outros outfits muito clássicos e elegantes, penso em Lucas Brito. Estudante de moda e empresário, que muitos no TikTok devem conhecê-lo como influencer. Ele é influenciador sim. Mas influenciador, na minha visão, é qualquer pessoa com meia dúzia de seguidores, que poste qualquuer coisa que seja relevante, ainda que pra uma pessoa, apenas. Mas Lucas vai além disso. Apesar de ter viralizado com seus unboxings com peças de grife como Bottega, Saint Laurent e Chanel, Lucas não só entende, como faz uma faculdade de publicidade em São Paulo - o que lhe ajuda muito a enteder mais sobre o assunto - cidade onde vive atualmente, já que é do Guarujá. E é onde também está construindo a sua marca Je Suis. E já me confessou que vem aí com muita identidade, elegância, referências preppy, old money, e quiet luxury. Tudo misturado, num conceito só, onde ele mesmo respira e vive o que pretender orfecer não só para seu público, mas pra qualquer pessoa que se indetifique com seu lifestyle, e estética.


Lucas tem apenas 20 anos, nasceu no Guarujá em São Paulo. E diferente da grande maioria das pessoas pretas no Brasil, nasceu e cresceu em um ambiente famliar que lhe deu educação de qualidade, cultura, oportunidades, e bom senso de estética e elegância. Algo, que assim como eu, foi muito bem estimulado pelas mulheres da familia. Principalmente sua mãe. E isso, lhe fez tornar hoje um adulto que não teve alguma sorte no caminho; não precisou divulgar jogos de azar; não precisou copiar a vida constantemente referenciada a pessoas brancas, porque essa sempre foi a sua natureza. Tanto, que ao conversamos sobre a questão do racismo, confessou que não levanta discussões, ou da opiniões públicas sobre o assunto, ainda que saiba da existência do racismo, e que ainda passa por situações indelicadas em alguns ambientes, até que algumas pessoas em volta saibam da sua origem familiar. Mas Lucas enfatiza que não levanta bandeira, por não ter vivido a realidade da grande maioria das outras pessoas pretas. E a sua forma de contribuir para essa luta, é apenas sendo quem ele é. De uma maneira natural, que não precisa convencer ninguém de nada, um jovem muito bem educado, com um vasto repertório cultural, com objetivos muito bem firmados, ainda que seja bastante jovem. E que fez opção de hoje criar um projeto fora do setor do qual a familia construiu um legado. Ou seja, além de naturalmente essa ser a realidade do Lucas, que ele imprime com segurança e connfiança, ele foge o clichês de alguns herdeiros. E ainda trabalharpara fazer o seu próprio nome, mesmo bastante orgulho de sua familia, e de sua história. Como disse a ele em outras palavras, os unboxing pelos quais ele ficou conhecido, é o que tem de menos relevante em sua vida. 







E em outra rede social, seu istagram, Lucas exibe uma estética muito bonita e refinada em seu feed, com ensaios muito elegantes e conceituais, numa palheta com tons de branco e cinza, que diz muito sobre o seu posicionamento nas redes sociais. Não é para viralizar, ou acumular seguidores. É um posicionamento para que se identifica com a sua comunidade, e que não precisa de muito pisca-pisca e letreiros para chamar atenção, e se afirmar para curiosos e haters. É pra quem já tem olhar apurado para elegância, assim como pretente com a sua marca, que tem previsão de um lançamento de uma coleção drop para a metade desse ano, e um possível lançamento para o fim de 2025, e inicio de 2026. Com todo um storytelling já desenhado, com coleções que irão conversar entre si. 




Se existisse uma edição do Met Gala no Brasil, um MASP Gala, quem sabe, com esse tema, com certeza Lucas passaria pelo tapete vermelho com sua alegância. 

Texto com base em etrevista cedida pelo próprio Lucas Brito (@lucasvanvr)
por Rômulo



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