Conto O Livreiro

Hoje eu fui até o livreiro onde costumo comprar, vender, e trocar livros. Um homem simples, de meia idade, que por conta dos nossos preconceitos, passando por ele na rua, você não imagina que tem um excelente bom gosto para livros. De cara me dou com uma estante com Tostói, Dostoiévski, Raul Pompéia, e estudos acadêmicos de psiquiatria. Tudo que amo!

Eu tenho alguns prazeres orgásticos como: comida, música, roupas e idioma italiano, whiskey puro, charutos, tocar piano, e silêncio absoluto na minha casa. Mas nenhum deles consegue chegar ao ápice do que eu sinto em uma livraria, ainda mais quando encontro clássicos raros, ou exemplares e lançamentos de autores que admiro. 

O livreiro simples e culto, me disse que uma pessoa havia acabado de passar, e prometido voltar pra levar um dos melhores da literatura russa. E eu como um usuário de droga, querendo levar a todo custo as últimas gramas, entreguei os livros que levei como abatimento, paguei a diferença, e saí correndo da banca atrás de um ponto de uma banca de camelô, de uma cidade não-turística, no interior da Bahia. Onde por incrível que pareça, “meu livreiro” vende muito, todos os dias. 

E por falar nisso, o questionei se alguém muito culto havia falecido, pois ao lado da estante, haviam outros clássicos de edição limitada, na caixa ainda. E antes que ele respondesse, como alguém que mal “cheirou” a droga que acabou de comprar, fui embora, pra não cair em tentação.

Conto O Livreiro por Rômulo