A Substância _cinema
Já tem um tempo que ouço falar, e leio sobre A Substância (2024), novo filme de Coralie Fargeat, diretora francesa reponsável por outro sucesso com personagem protagonista tambem feminino, A Vingança (2017). E ouvi coisas boas, principalmente de pessoas da área do cinema, de quem respeito muito a opinião. E preciso admitir que ainda sim, custo me render a ver algo, ainda que a grande maioria esteja apontando como bom. Mas pelo menos por curiosidade, hoje decidi a ver essa "obra" segundo essas opiniões, com protagonismo de Demi Moore e Margaret Qualley. Sim, porque apesar de estarem divulgando o filme com o protagonismo para a veterana, vejo que Maragaret (Pobres Criaturas, 2023) aparece tanto em cena como Demi, assim como está com um desempenho tão incrível quanto. Até porque, ambas inerpretam a mesma personagem.
A Substância é vendido como um filme de terror, e uma crítica contra a indústria de Hollywood, da beleza, do machismo, e de tantas outras questões abordadas na produção. Mas apesar das "criaturas",do suspense, e do festival de sangue até uma determinada parte, digamos que 80% do filme, considero uma metáfora assustadora sobre nossa relação com a nossa aparência, principalmente aos que estão lidando com questões de idade, e envelhecimento. Elisabeth Sparkle (Demi Moore) é uma atriz madura que está lidando com conflitos com sua aparência, não apenas vindo de si mesma, mas principalmente da pressão e exigências da indústria na qual trabalha. Indústria essa liderada em absoluto por homens. Isso no filme, e não tão diferente na vida real. A própria Demi (Striptease, 1996), durante muitos anos lidou com isso, pois sempre foi uma mulher de uma padrão de beleza inquestionável, mas que nunca foi valorizada como deveria por seu talento apenas como atriz. E acaba que a história de sua personagem - tirando a parte do terror - se assemelha um tanto com sua trejetória. Mas voltando a Elisabeth, no meio dessa sua crise com a sua aparência, acaba se daparando com a oportunindade de fazer uso de uma substância misteriosa, com a promessa de uma aparência renovada. E essa substância funciona como um ativador, com um mecanismo de manuntenção diária por 7 dias, e depois, um descanso para o corpo presente, para que dentro de 7 dias, volte a aparência originada por conta do uso da tal substância misteriosa. Isso porque, ao fazer uso da substância, Elisabeth acaba dando origem a uma cópia sua, porém, mais jovem, interpretada aqui, por Margareth. E é nesse processo que acho a mensagem do filme brilhate, muito mais interessante do que já havia escutado por aí.
A PARTIR DAQUI, SPOILER
Como dito anteriormente, Elisabeth acaba por dar origem a uma outra versão mais jovem de si mesma, ao utilizar a substância. Mas algo que é deixado muito claro pela empresa que desenvolve a substância, é de que Lis, sempre será a matriz, e que tudo depende dela mesma. Só ela tem poder sobre as duas versões. E é aqui que acontece a mágica, quando a versão mais jovem, para se manter bela e viva, precisa de tirar com uma seringa, um líquido da espinha da versão original de Lis. Porém, essa outra versão, também tem uma outra consciência, e sua própria vaidade e luxúria, querendo ficar mais tempo do que deveria, no quadro de espaço de tempo de 7 dias, que ao ser eetrapolado, começa a levar a destruiçao e metarmofose de partes do corpo originário. E é a partir daí, que desencadeia uma batalha entre as duas versões, e duas consciências, que leva a destruição de si mesmas.
E é nessa metafora onde acontece a melhor parte da crítica do filme. Quando Coralie quer nos mostrar como às vezes podemos perder a noção, e querer criar uma outra versão de nós mesmos, cada vez melhor, melhor, e melhor, onde na verdade, sem percebermos, acabamos por destruir aquela versão originária que já era satisfatória. E essa mensagem é passada no filme, com mais ênfase, quando Lis (sua versão madura) encontra um antigo colega de escola, desajeitado, sem atrativo algum, que diz a ela o quanto ela ainda permanece bela. E Lis, acaba por tentar resgatar esse contato em um determinado momento da história, como uma maneira de resgatar a si mesma, e voltar a se sentir bela novamente, do jeito que ela é.
E há muitas outras metáforas, mensagens e críticas no filme, que são completamente atuais e relevantes. A obra de Coralie está cheia de mensages sensíveis, e de sinais representados através de uma ótima direção de arte e fotografia. As atuações de Demi e Margaret estão impecáveis, com destaque aqui para a veterana, que se despiu literalmente sem nenhum pudor, e se não conseguiu provar antes, prova por agora que aos 61 anos é uma excelente atriz, com grandes chances de ser indicada com seu papel para concorrer ao Oscar de 2025, assim como outras premiações.
Uma pena somente para a diretora que não soube a hora de por um fim, quando o filme podeia ter tido um fechamento muito bom, mas que perdeu a mão para um monte de informações, imagens, e derramamento de sangue desnecessário.
A Substância está atualmente em cartaz, e depois segue para a plataforma de setraming MUBI
Veja o trailer:
Crítica por Rômulo, escritor e diretor de cinema
romuloodiretor@gmail.com
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